Desde que o jardim do agronegócio foi implantado na Avenida das Torres, a prefeitura de Cuiabá tem adotado o que se chama de “capina química”. Isso quer dizer que ao invés de cortadores de grama nos canteiros centrais, aplicam-se os agrotóxicos dessecantes sobre a vegetação para que ela não cresça. As imagens feitas com um celular nesta quinta-feira, 26 de junho mostram a prática condenada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Quando um agricultor decide aderir ao pacote tecnológico do
agronegócio ele compra tudo que está incluído: sementes, máquinas,
financiamentos, adubos químicos e inevitavelmente os agrotóxicos. Recentemente
a prefeitura de Cuiabá decidiu fazer um jardim, no canteiro central da Avenida
das Torres, que fosse uma referência à pujança das lavouras que se espalham
pelo estado. Nesse jardim estão plantados soja, milho e algodão. Como podemos
ver nessas fotos, a jardinagem também trouxe os agrotóxicos pulverizados dentro
da cidade.
Além disso, os trabalhadores não estão com equipamento
de proteção individual (EPI) completo para evitar a própria contaminação.
Em condições de trabalho inadequadas eles estão sujeitos a intoxicações agudas,
que podem causar asfixia, náusea com vômito e dor de cabeça. A intoxicação
crônica é a decorrente da assimilação contínua dos venenos. As crônicas são a
possível causa do alto número de casos de câncer registrados no estado de Mato
Grosso, como indica a pesquisa do médico
Wanderley Pignati, pesquisador da UFMT.
Nas cidades polo de desenvolvimento agroindustrial foram
registradas concentrações de agrotóxicos mais altas do que é aceito pela Anvisa.
Em Lucas do Rio Verde e Sorriso foi detectada a presença de agroquímicos em
poços artesianos e no leite materno.
Mas como pode a prefeitura da capital estar desavisada ou
ignorar recomendações da Anvisa? O custo da contenção do capim é muito menor
com os agrotóxicos e utiliza menos funcionários, reduzindo o custo de mão-de-obra.
Vale a pena fazer essa economia bem perto do rio Coxipó? Além de ficarem no ar
e no solo, é para o rio que os resíduos devem correr na primeira chuva que
cair.
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