*Calma, essa situação é
hipotética, mas conseguiu chamar sua atenção não é?
Continuando com o devaneio, imaginem
se o querido presidente uruguaio fosse assassinado por cidadãos do
país vizinho. Qual seria o sentimento do Uruguai em relação aos
seus vizinhos? No mínimo ia haver hostilidade com os argentinos em
visita à terra do Mujica. Mas certamente haveria argentinos que
também seriam mortos.
Qual seria
o papel do Mercosul nessa situação? Oferecer imediatamente apoio ao
povo do Uruguai e pedir que mantivessem a calma para que as
investigações apontassem os culpados e os prendessem onde quer que
estivessem. Além disso, seria necessário isolar a culpa nos
assassinos e mandantes do assassinato, para que os dois países não
acirrassem a xenofobia.
Por que
estou levantando essa hipótese? Porque foi uma parte disso que
aconteceu no Brasil neste fim de 2013. Indivíduos da população de
uma localidade mataram o líder de outra localidade. Depois disso,
três homens da primeira sumiram. Como tentaram resolver isso?
Hostilizando a população que teve seu líder assassinado.
O líder
assassinado foi Ivan
Tenharim, mas a imprensa mal fala o nome dele, só fala dos três
desaparecidos. Parte da população do município de Humaitá reagiu
violentamente, possivelmente incentivados por madeireiros, que
possuem o poder econômico. Observem o trecho da matéria da Agência
Brasil: O clima na cidade é
tenso desde o último dia 16, quando três homens desapareceram, após
serem vistos trafegando de carro pela Rodovia Transamazônica. A
tensão, segundo o jornal só aconteceu com a violência sofrida por
não índios. Com isso está implícito que o assassinato da
liderança indígena é um evento normal e aceitável.
Tão absurdo quanto a violência contra os Tenharin é a
cobertura da imprensa que entende que o conflito só começou com a
possível violência dos indígenas. É como se no hipotético
assassinato de Pepe Mujica, a imprensa desse mais importância a
reação dos uruguaios e argentinos. E cadê o "Mercosul"?