segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Desejo menos Frida Khalo no Facebook em 2015



Eu não gostei de Frida à primeira vista. Fui conhecendo mais, sabendo do seu histórico e continuo na mesma.

Para mim, Frida é a artista mais egocêntrica, monotemática e supervalorizada das artes plásticas.

Aí alguém diz: mas ela é feminista. Ok, compartilhe suas ideias sem suas obras.

Marie Curie também é feminista, Simone de Beauvoir também. As duas com mais conteúdo.


Aí essa pessoa diz: as duas são europeias e Frida mexicana.

Se é para valorizar o México, tem um cara ao lado dela que fez painéis lindíssimos e ainda contando a história do seu país. Diego Rivera é um artista de muito maior importância que ela.


“Mas ela sofreu muito na vida”. Dona Lindu, mãe de Lula, também.


A verdade é que Frida ficou pop por causa do filme, com a linda Salma Hayek no papel principal. Ela já era conhecida, mas o filme aumentou a importância dela fora do México. No seu país natal ela ainda é a companheira de Rivera.


Rivera é grandioso como Portinari. Talvez os maiores muralistas da América.

Painel de Rivera, na sede do poder executivo do México


Gosto é que nem nariz, cada um tem o seu.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Teste da nave Orion deve acontecer hoje

A Nasa está aguardando condições de fazer o teste de lançamento e reentrada da nave Orion, que vai levar astronautas ao espaço depois da aposentadoria dos ônibus espaciais. Devo dizer que apesar de toda crítica que tenho à forma imperialista e belicista dos EUA se relacionarem com o mundo, tenho uma grande admiração pela Nasa.

Muita gente acredita que não tem porque investir em pesquisa espacial se existem tantos problemas no mundo. Isso é equivalente a dizer que não tem porque pesquisar a esclerose lateral amiotrófica por que é rara e tem muito mais gente morrendo de aids ou de fome.
Imagine dizer para Copérnico, que nasceu em 1473, que a Polônia, onde nasceu era pobre demais para ele se preocupar com o movimento dos planetas. Ainda pensaríamos que a Terra é o centro do Universo. Ainda seríamos teocêntricos.

Pois bem, a Nasa teve problemas no lançamento da Orion. O vento estava acima da velocidade segura e tiveram que adiar três vezes o teste. A agência espacial transmitiu tudo ao vivo, correndo o risco inclusive de exibir um grande fiasco. Mas existe uma crença na Nasa de que a pesquisa e os avanços tecnológicos melhoram o mundo e por isso precisam ser compartilhados.

Os militares dos Estados Unidos não gostam da liberdade que a agência espacial goza. Ela já teve bem mais, hoje em dia até o orçamento foi severamente encurtado. Nos anos 70, no auge da Guerra Fria as agências ameriacana e soviética conectaram naves no espaço. Naves que foram construídas em continentes distantes, acoplaram perfeitamente na órbita da Terra.

A cooperação hoje em dia é bem maior. São 15 países participantes da Estação Espacial Internacional. Lá se desenvolvem pesquisas sobre botânica, fungos, sobre o espaço e biomedicina. Graças aos programas espaciais de diversos países foi possível montar essa maravilha.

As pesquisas espaciais permitem que exista internet, monitoramento do desmatamento, tomografia, caneta de ponta porosa... só não fizeram o famoso travesseiro da Nasa.

A Orion, testada hoje, vai se tornar o transporte principal de passageiros entre a Terra e a estação. Além disso deve ser a nave que vai voar até Marte em 2030. O lançamento estava previsto para as 8h da manhã, horário de Brasília, até as 13h ainda estavam aguardando condições meteorológicas. Continuo torcendo pelo seu sucesso.


segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Meu colega bicha da 1ª série

Quando eu tinha seis anos, na primeira série, anunciei em casa na maior tranquilidade: tem um menino na minha sala que é bicha. Meus pais arregalaram os olhos e me deram um longo sermão sobre Deus ter criado homens e mulheres. Eu não vi nada demais em falar. Era como se eu tivesse falado que tem um menino na minha sala japonês ou que tem um ruivo.

Até parece que eu não sabia ainda que existem bichas no mundo. Claro que eu sabia. Achei estranha a postura dos meus pais. Diante do que eu contei e a partir do comportamento deles com outros assuntos, eu esperava que eles dissessem algo do tipo:

- Como você sabe que ele é bicha? Você não chama ele de bicha, não é? Se os meninos tratarem ele mal, conte pra professora.

Era assim que meus pais eram, acolhedores e defensores da justiça. Mas porque agiram diferente em relação a isso?

Só mais tarde eu fui entender. Eu, bom menino e gentil com quase todo mundo, era delicado demais e na visão deles, podia “desviar” meu caminho. Mas fui educado por eles mesmos para ser pacifista, polido e gentil. Era como se eles estivessem me reprogramando: seja doce, mas seja homem.

Com ele eu só brinquei de apostar corrida no pátio da escola. Percebi que na hora de tocar no poste e voltar ele tinha toda uma elasticidade diferente. A tal da malemolência.


Só entendi a preocupação dos meus pais mais tarde na adolescência, quando eu estava verde demais pra me defender de brincadeiras com empurrões e cuspe. Voltando à primeira série, sem saber o que fazer depois de um sermão tão longo, deixei de brincar com o menino.

Aécio é um péssimo candidato, mas porque ele ameaça Dilma?

Desemprego em baixa, inflação sob controle e aumento de consumo, como Dilma pode perder as eleições diante deste quadro?

Se observarmos com objetividade veremos que não há nada de errado com a macroeconomia do Brasil. Ainda assim existe rejeição a Dilma. Se compararmos os históricos dos partidos, o PSDB é mais corrupto que o PT, não somente em quantidade de casos de corrupção como nos montantes roubados. Se olharmos os históricos pessoais, Aécio Neves seria carta fora do baralho mesmo como pré-candidato. Agressão à namorada numa boate, dirigiu alcoolizado e se recusou a soprar o bafômetro, possível envolvimento com tráfico de cocaina, vida de playboy… Ainda assim Dilma corre risco de perder pra esse cara.

Então o que tem de podre em Dilma? Os principais defeitos do seu governo não estão em debate. Dilma e o PT pecam em fazer do governo federal um um espaço para encaixar apoiadores de capanha. Com essa terceirização da administração fica fácil não saber dos eventos de corrupção que de vez em quando estouram na mídia. Mas vale lembrar que no governo do PSDB não era diferente.

Então vou em tópicos, elencar os motivos da possível derrota de Dilma:

1 – Falta de Carisma. Dilma é gestora, negociadora dura, é chefe que manda. Isso é bom para demonstrar autoridade, mas é deficiente em suavizar a fala, olhar no olho e em sorrir. Quando isso acontece soa forçado e falso. Além disso é enrolada na fala, sua oratória é sofrível, demora pra construir uma ideia. Isso é muito importante quando o voto é decidido com o coração.

2 – Aliança com velhas raposas da política brasileira como Maluf, Collor, Renan Calheiros, Jader Barbalho, José Sarney…

3 – Casos de corrupção mais recentes que os do PSDB. O partido opositor é numericamente mais corrupto que o PT. Mas no que se refere à ética, só existe uma linha a cruzar, ou se é honesto ou não. Um real roubado é igual a 1 bilhão roubado. No caso do PT atual, as contravenções na Petrobrás estão enfraquecendo a vitrine da candidata.

4 – Insensibilidade a protestos. Ninguém mais quer sair às ruas porque ficou perigoso, porém vale lembrar que quem reprimiu as grandes manifestações foram as polícias dos governos estaduais, mas a falta de pronunciamento sobre os abusos cometidos fez a população entender tudo isso como conivência. E foi mesmo, tanto que a Guarda Nacional deu apoio às repressões. Professores agredidos, estudantes e a imprensa. A impunidade diante de agressões do Estado diminuiu a confiança em todos os setores. E para quem é canalizada a insatisfação? Para o presidente, sempre.

5 – Obras atrasadas. A Copa foi um sucesso, tudo bem. Mas o que nos prometeram seria um Brasil mais moderno, com soluções inteligentes para o trânsito e transporte. Em várias cidades vemos, ainda hoje, obras inacabadas, paradas ou mesmo interditadas. Não só as obras da copa, mas outras tantas estão atrasadas.


Considerar Dilma ruim não melhora Aécio como opção.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

A internet não é um mar, mas um complexo de lagoas


A internet não é um mar navegável. Essa primeira imagem que nos foi apresentada, de um mar onde se poderia seguir para qualquer direção, parece mais uma falácia da grande revolução intelectual que o mundo virtual traria.

A internet está mais para um complexo de lagoas. As águas de algumas lagoas se misturam, outras ficam isoladas. Essas isoladas fomentam uma cultura parecida com a de bactérias que se auto alimentam e sofrem mutações rapidamente.

Em algumas dessas lagoas existem somente colecionadores de quadrinhos que discutem o perfil de um personagem ou pessoas que gostam de música barroca. Outras contém teorias da conspiração, partidos nazistas e células terroristas.

Ninguém fica sabendo do conteúdo que essas lagoas cozinharam ao calor de debates, até que uma chuva de opiniões faça uma dessas lagoas vazar e misturar suas espécies mutantes entre outras lagoas.

terça-feira, 7 de outubro de 2014

O PT criou um viveiro de tucaninhos


O governo Lula/Dilma tinha um propósito: gerar empregos e melhorar a renda do Brasil. Justíssimo, já que passamos por anos de recessão no governo Fernando Henrique. Tem gente que não lembra, mas além do grande feito de derrubar a inflação a um nível europeu o PSDB também foi responsável por uma crise tão ruim quanto a inflação de antes.
Era preciso superar isso, o medo do desemprego, a falta de espectativa dos jovens. Era uma boa meta para o PT porque isso era necessário. Mas passar 12 anos tendo apenas essa meta é muito vazio.

Desenvolvimento, crescimento e empregos. É difícil criticar isso, não é o que todos querem? Já tivemos alguns intervalos assim, na ditadura militar, no governo Kubistcheck… Desenvolvimento, crescimento e empregos. Lindo né? Mas isso não resolve os problemas do Brasil porque nosso país tem problemas “conceituais”. A concentração de renda, o coronelismo, desigualdades regionais, a corrupção… Para superar isso é preciso um debate ideológico. Mas o PT se despiu de ideologia pela governabilidade. 

Para crescer é preciso ter escolas técnicas que qualifiquem mão de obra para empresas, menos sociologia e mais engenharia para fazer as obras que o Brasil precisa. Por isso as escolas de hoje buscam indicadores, não criar cidadãos. Dilma disse que “somos um país que formava mais advogados que engenheiros. Advogado é custo, engenheiro é produtividade”. Vale considerar que advogado é o que Dilma consegue enxergar nas ciências humanas.

Sem discutir as questões ideológicas de justiça social, distribuição de renda, garantia de direitos a agricultores familiares, indígenas, extrativistas, o PT fez o favor de criar novos eleitores para PSDB. O PT criou uma geração de jovens que são clientes do governo, que considera que seus direitos são proporcionais ao valor dos impostos pagos. O eleitor que quer espaço na área VIP.

O partido não se deu conta de que essa opção também é ideológica. Para crescer é preciso aumentar o consumo. O cidadão consumidor é um cupim que quer sempre mais, ser rico para ter mais. Assim a nova classe média quer garantidos os seus direitos de crescimento e prosperidade, desprezando as desigualdades sociais. Querendo ser rica, se torna de direita.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A decepção do PSol e minhas mudanças de voto no decorrer da campanha

Nesses quatro anos, desde a última eleição a cargos federais, tenho acompanhado com satisfação o amadurecimento do PSol no Congresso Nacional. Deputados como Chico Alencar, Ivan Valente e o surpreendente Jean Willys se destacam na defesa da democracia, no combate a diversas formas de discriminação e numa postura propositiva, criticando o governo quando necessário e apoiando quando coerente. O senador Randolfe Rodrigues, da mesma forma questiona os espaços sem renovação no legislativo e enfrenta José Sarney, no Amapá, seu estado de origem.

Além disso tem o corajoso e brilhante deputado estadual do Rio de Janeiro, Marcelo Freixo. A atuação desses caras me fez decidir, antes mesmo de conhecer os candidatos, que votaria fechado com o Psol, como forma de reconhecimento.

O partido amadureceu e eu levei o PSol a sério, mas parece que ele não. A escolha do candidato a presidente foi bem atrapalhada. Primeiro Randolfe se autoproclamou candidato, atropelando um princípio do partido que é a democracia interna. Não deu outra, essa postura de querer poder pra si mesmo foi mal vista e ficou sem apoio mesmo dentro da legenda. Depois escolheram para substituí-lo, Luciana Genro. Parece uma boa opção.

Em Mato Grosso a coisa é bem pior. Depois de duas candidaturas à majoritária (prefeito e governador), o Procurador Mauro se lançou candidato a deputado federal. É prudente que depois de lançar o nome, participar de debates e conquistar simpatia de parte do público, ele garantisse uma vaga no legislativo. Mas e o restante da chapa?

“Não importa, o partido é coerente, quem se lançar deve ser confiável” – pensei. Pode até ser confiável, mas são muito amadores. O PSol parece não ter se levado a sério, não apresentou candidatos ao governo e ao senado à altura dos deputados federais mencionados, nem à altura do seu candidado mais popular no estado, o procurador.

Cá pra nós, usar a profissão no nome do candidato já ficou feio, né? É como Pastor Everaldo, Cabo Gervásio, Doutor Walace… Mauro, vamos melhorar isso. É “da Silva”? Então use.
Percebi essa deficiência no programa eleitoral e no debate. É amadorismo do partido escolher alguém que não tenha multitalentos. É preciso decorar alguns números para citá-los de cabeça (quantidade de escolas, de hospitais, porcentagem de cada setor da economia no PIB do estado…). Não se escolhe um candidato que não saiba falar, responder a provocações e se portar diante das câmeras.

Aí alguém diz que “o que vale são as propostas”. Sério que você acredita nisso? Cristovam Buarque teve 1% de votos quando foi candidato a presidente, é sério, de histórico limpo e com a proposta de dar total prioridade à educação. Mas sem estratégias de marketing o candidato não vai a lugar nenhum. Não falo de dinheiro pra imprimir panfletos ou espalhar cavaletes na cidade, falo de mobilização dos filiados ao partido, de estratégias para o lançamento da candidatura, de discursos objetivos sem precisar atacar todo o capitalismo mundial. Por isso, essa será a primeira vez que vou mudar meu voto durante a campanha.

Devo votar nulo para o senado e em Lúdio para governador. Lúdio Cabral é o melhor candidato individualmente, tem um histórico limpo e sua atuação como vereador merecedora de aplausos. Ele tem propostas lúcidas e coerentes com sua carreira. Não iria votar nele até agora porque preferi o PSol e porque tem gente no seu palanque em quem não confio.
Para presidente, me mantenho com Luciana Genro apesar de considerar que houve falhas na divulgação de certas posturas. Eu sou a favor de dar asilo a Edward Snowden, mas pra que falar disso agora? Considero que é necessário romper com a continuidade do PT porque o vício no poder tira a capacidade de mudança de qualquer equipe.

O governo Lula/Dilma foi omisso nos problemas ambientais, na violência no campo, com as populações tradicionais, com violência da polícia e não entendeu nada das insatisfações nos protestos de junho de 2013. Além disso tem todos esses conchavos políticos que matém Maluf, Sarney, Kátia Abreu, Collor, Renan Calheiros e mais centenas de parasitas no poder.
Em 2010 eu já dizia que, a longo prazo, era melhor o PT perder as eleições. Mesmo que o PSDB assumisse e regredisse com algumas conquistas sociais. Seria preciso piorar para melhorar onde é realmente necessário, no aprofundamento da democracia. A alternância de poder é boa para isso. Vou votar em Luciana Genro para presidente, mas se o quadro atual se mantiver, voto em Marina Silva no segundo turno. Se fosse Dilma e Aécio eu anularia.

Acompanho a história de Marina e seus pronunciamentos, não vejo motivo para considerá-la uma radical religiosa nem mais à direita que Dilma. A valorização da questão ambiental me agrada em sua postura. Já as surpresas que podem vir na sua política econômica, eu estou disposto a pagar pra ver.

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A dança de Plutão e Caronte

É só uma imagem em baixíssima resolução, mas diz muita coisa. Apesar de tudo que sabemos sobre Plutão, temos poucas imagens do que já foi o nono planeta do Sistema Solar.
A sonda da Nasa que está chegando lá fez algumas fotos e confirma algo que já sabíamos. Sua lua não gira em torno do planeta. Ambos giram em torno de um centro gravitacional. É como duas crianças, uma mais gordinha e outra mais magrinha girando, segurando as mãos.


terça-feira, 29 de julho de 2014

Homens com H

Nesse dia do homem resolvi fazer uma lista de homens que têm a minha admiração. O critério é: alcancei vivos, apenas esse.
Pra começar minha lista de Homens com H, abro com

Freddy Mercury

Um cara gay. E vai dizer que alguém é mais fodão que Freddy? O maior frontman de todos os tempos, um vocalista de rock que extrapolou os limites do estilo e tem fãs de todas as idades. Sim, Freddy era viadaço e mais homem que a maioria que conheço.

Jaques Custeau
Conheço ele desde que me entendo por gente. Enquanto a União Soviética e os Estados Unidos estavam começando a corrida espacial, o francês estava praticamente sozinho como maior explorador dos mares. Cousteau é o inventor do aqualung, o tanque de oxigênio que permite longas permanências debaixo d’água. Por coincidência seu invento facilitou as viagens espaciais. Fez dezenas de vídeos mostrando o mundo submarino no cinema e na TV. Uma parte do ecologista que sou é devida a ele.

Yuri Gagarin
A humanidade não poderia ter escolhido melhor seu primeiro representante a sair do planeta. O baixinho de 1,57 cabia muito bem na pequena nave, mas não cabia em si de tanta alegria.
Eu vi o filme First Orbit, com o áudio inteiro da sua curta viagem espacial. Todo o tempo, ele está animado e encantado com o que está vivenciando, não parece ter medo algum. Gagarin é descrito como magnético e vibrante em suas biografias.

Mike Patton
Outro frontman incrível e vibrante. Vocalista do Faith no More, Mike vai de interpretações classudas, ao estilo Frank Sinatra, a gritos guturais assustadores. Tem muito bom humor, gosta de conhecer o mundo e aprender palavras de onde viaja. A palavra preferida em português é “caralho”. Não tem muito o que dizer do bonitão, tem que ver.

Pedro Casaldáliga
Um padre nesta lista, quem diria? Um padre que escreveu, junto com Milton Nascimento, as letras do disco Missa dos Quilombos. O cara enfrentou garimpeiros, grileiros, pecuaristas em defesa dos humildes. Deu apoio a guerrilha do Araguaia, tem sido a voz contra o trabalho escravo e em apoio dos indígenas, numa região do país esquecida pelo Estado.

Simon Dale
Ele não é muito famoso. Sua história é a seguinte, a namorada engravidou e ele não tinham onde morar nem dinheiro pra providenciar uma casa. Pediu para o sogro um espaço “sujo” do seu sítio e começou a construir a própria casa com materiais da natureza. Usou basicamente cerrote e martelo e fez uma das casas mais incríveis do mundo. O governo municipal queria demolir a casa por estar fora dos padrões, mas depois a Nova Zelândia o chamou para ajudar a construir um conjunto habitacional com esse conceito.

Rolando Boldrin
Imagine um Serginho Groisman da roça. Um cabôco que conhece música rural e música popular dos quatro cantos do Brasil e tem de cabeça um monte de poemas e causos dos mais rústicos e bonitos. Penso em encontrar o sujeito numa varanda de um sítio e gastar uma tarde conversando potoca. Pode ser a tarde mais bem aproveitada da minha vida.

Sean Penn
Esse cara é danado! Ganhar dois Oscars foi só um detalhe na sua carreira. O cara fez papeis ótimos com atuações incríveis. Durante muito tempo Madonna afirmou que foi o grande amor da vida dela.

Três fatos sobre Penn:
Quando soube do terremoto no Haiti ele viajou pra lá e trabalhou por dias no resgate de vítimas.
Ele dirigiu um dos filmes mais cult e queridinhos desse começo de milênio: Into the Wild.
Pra arrematar, teve um caso com Scarllet Johanson. Acredite se quiser, ele que terminou.

Chris Hadfield
Outro astronauta, dessa vez um canadense. Chris é considerado o astronauta mais pop até agora nas viagens espaciais. O veterano já estava confortável na terceira vez. Tanto que compôs uma música, deu aula ao vivo do espaço pra crianças e fez experiências que seus seguidores no Twitter sugeriram. Coisa simples, como espremer uma esponja com água na gravidade zero.
Ele já era querido, mas ele fez mais: antes de deixar a ISS gravou um dos clips mais incríveis já feitos na história.

David Bowie
Compositor da única música com clipe gravado no espaço. Space Oddity, de Bowie, foi a música gravada por Hadfield. Essa lista corre o risco de começar e terminar com gays. Mas não sei se Bowie é gay, apesar dele ter pego Freddie Mercury. Com o dentuço ele fez um dos duetos mais incríveis que existem: Under Pressure.
Não é só isso, ele tem uma carreira incrível, filmes, clips, músicas arrebatadoras.

Incrível, fiz uma lista sem um Beatle.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Prefeitura de Cuiabá desobedece Anvisa e aplica agrotóxicos na cidade



Desde que o jardim do agronegócio foi implantado na Avenida das Torres, a prefeitura de Cuiabá tem adotado o que se chama de “capina química”. Isso quer dizer que ao invés de cortadores de grama nos canteiros centrais, aplicam-se os agrotóxicos dessecantes sobre a vegetação para que ela não cresça. As imagens feitas com um celular nesta quinta-feira, 26 de junho mostram a prática condenada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Quando um agricultor decide aderir ao pacote tecnológico do agronegócio ele compra tudo que está incluído: sementes, máquinas, financiamentos, adubos químicos e inevitavelmente os agrotóxicos. Recentemente a prefeitura de Cuiabá decidiu fazer um jardim, no canteiro central da Avenida das Torres, que fosse uma referência à pujança das lavouras que se espalham pelo estado. Nesse jardim estão plantados soja, milho e algodão. Como podemos ver nessas fotos, a jardinagem também trouxe os agrotóxicos pulverizados dentro da cidade.
Além disso, os trabalhadores não estão com equipamento de proteção individual (EPI) completo para evitar a própria contaminação. Em condições de trabalho inadequadas eles estão sujeitos a intoxicações agudas, que podem causar asfixia, náusea com vômito e dor de cabeça. A intoxicação crônica é a decorrente da assimilação contínua dos venenos. As crônicas são a possível causa do alto número de casos de câncer registrados no estado de Mato Grosso, como indica a pesquisa do médico Wanderley Pignati, pesquisador da UFMT.
Nas cidades polo de desenvolvimento agroindustrial foram registradas concentrações de agrotóxicos mais altas do que é aceito pela Anvisa. Em Lucas do Rio Verde e Sorriso foi detectada a presença de agroquímicos em poços artesianos e no leite materno.

Mas como pode a prefeitura da capital estar desavisada ou ignorar recomendações da Anvisa? O custo da contenção do capim é muito menor com os agrotóxicos e utiliza menos funcionários, reduzindo o custo de mão-de-obra. Vale a pena fazer essa economia bem perto do rio Coxipó? Além de ficarem no ar e no solo, é para o rio que os resíduos devem correr na primeira chuva que cair.

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Olá, Terra. Sou eu de novo.

Nesta semana, astrônomos descobriram um exoplaneta rochoso gigante, isso é exótico porque planetas rochosos são geralmente pequenos como a Terra, os gigantes são gasosos. Ele orbita uma estrela parecida com o Sol. 
Antes disso, quando a NASA descobriu o primeiro planeta parecido com a Terra, os astrônomos convidaram Alastair Reynolds, autor de ficção científica a escrever algo inspirado na descoberta. Aí está o conto, traduzido por mim.


Olá, Terra. Sou eu de novo.

        Eu espero que você esteja recebendo meu sinal alto e claro.

Você vai ficar feliz em saber que eu estou ligado após os longos séculos de minha fase de cruzeiro interestelar. Após executar uma verificação completa de saúde, posso confirmar que todos os meus equipamentos estão funcionando normalmente. Melhor do que normalmente, verdade seja dita. Correndo o risco de imodéstia, eu estou realmente em excelente forma. Propulsão, processadores, sensores de longo alcance, navegação e comunicação - Eu não poderia estar em melhores condições.
Nada mal para uma peça de hardware espacial que já visitou seis sistemas solares, sem nunca precisar voltar para casa. Claro, eu não posso dar o crédito para mim mesmo. Eu fui bem fabricado - construído para durar por milhares de anos. Mesmo assim, obrigado por me fazer.
Eu não posso deixar de dizer o que encontrei aqui em torno da estrela de Kapteyn. Isso realmente é um lugar extraordinário - um sistema solar diferente de todos que eu já visitei. Eu gostaria que você pudesse estar aqui comigo, ver as coisas através dos meus olhos.
Eu cavei fundo em meus arquivos e entendo por que você me enviou a estrela Kapteyn. Ao contrário dos outros sistemas que visitei, este sol e sua pequena família de mundos não fazem parte das famílias normais de estrelas que orbitam no disco e bojo da galáxia. Esta é uma estrela de halo - um membro de uma população dispersa de estrelas e aglomerados de estrelas, encerrando a Via Láctea em uma grande esfera fina. É inteiramente possível que essas estrelas não fossem originalmente parte de nossa própria galáxia, mas foram lançadas livres de uma para outra, após uma espécie de colisão gravitacional. E algumas dessas estrelas são incomensuravelmente velhas - mais antigas e admiráveis, talvez, do que qualquer estrela do disco da galáxia.
A estrela de Kapteyn está queimando tão lentamente, que até mesmo meus instrumentos não podem avaliar a sua idade máxima. Poderia ser quase tão antiga quanto o Universo. E os seus planetas? Tão velhos quanto ela.
Use isso como quiser – tire da programação se não servir - mas eu sinto a idade deste lugar em meus ossos. Tudo bem, na minha placa-mãe. Eu não tenho os ossos, sei disso. Mas acredite em mim, este sistema me faz sentir realmente assombrado. O silêncio e a quietude são quase insuportáveis, como uma pressão sem fim, crescendo. Nada aconteceu aqui por voltas inteiras da galáxia; nada vai acontecer. A estrela de Kapteyn ferve, queimando a sua vida nuclear. Os mundos mortos parasitam ao redor com suas órbitas mortas.
Mas há um tempo, havia algo.
Eu sei, eu tenho tomado liberdade. Eu deveria ter transmitido meu sinal de “ligado” antes de fazer qualquer investigação. Mas eu não pude resistir a mim mesmo. Você me fez curioso.
Eu encontrei sinais de civilização.
O primeiro planeta – Kapteyn-b - ainda está dentro da zona habitável da estrela, que orbita uma vez a cada 48 dias. Não há nada que viva lá agora, nem mesmo atmosfera, mas um dia houve uma cultura tecnológica.
Sim, a primeira que eu encontrei. Esse foi o motivo de me construírem. Que tal essa descoberta?
O fato é que não foi difícil de detectar. Cidades cobriram quase toda a superfície do mundo. Estruturas enormes - elas devem ter alcançado o espaço! Pratos e torres e os restos do que eu penso que devem ter sido elevadores espaciais, subindo até a órbita síncrona. A sua lua tem a superfície coberta pelos mesmos tipos de construções. Tem evidências de colonização no segundo planeta, Kapteyn-c, na sua órbita mais fria.
Maravilhas sem comparação, mas em uma espécie de uniformidade cinza sepulcral, após eras de micrometeoritos e bombardeio de raios cósmicos. Cidades mudas como esfinges. E em nenhum lugar o menor sinal de vida.
Crateras do tamanho de continentes marcam Kapteyn b e me pergunto se elas contam sobre alguma catástrofe impressionante - um acidente cósmico, ou algo pior? Seja qual for o caso, os construtores dessas cidades estão muito longe. Talvez eles estivessem mortos antes mesmo que a estrela de Kapteyn tivesse sido arrancada das garras de sua galáxia mãe.
Correndo o risco de inferir muito a partir de poucos dados, eu não posso deixar de ceder a um pouco de especulação. Eu também sou o produto de uma civilização tecnológica, com a capacidade de transformar um planeta para colonizar outras luas e mundos, para construir estruturas assustadoras. O povo de Kapteyn-b era claramente mais avançado do que vocês, meus próprios construtores, mas com o tempo, você também poderia ter transformado um mundo desta maneira.
Algo para pensar, não é?
Bem, preciso encerrar a transmissão agora. Eu vou explorar um pouco mais deste sistema e talvez soltar alguns pacotes de instrumentos para baixo em Kapteyn b. Vai haver um risco, uma vez que eu vou ter de entrar em uma órbita bastante próxima e quem sabe o que vai acontecer? Ainda assim, isso é um perigo que eu estou preparado para aceitar. Você me fez para isso, e eu sou grato por tudo o que eu tenho permissão para ver e fazer.


Mas olhe. Eu sei que é uma coisa pequena, e eu realmente não devo incomodá-lo sobre isso. Mas tem sido um longo tempo desde que eu me comuniquei com você. Sim, empenhei um grande esforço para estas transmissões e seria bom - apenas uma vez - saber se há alguém do outro lado, ouvindo. Apenas uma palavra, deixe-me saber que você ainda se importa.

segunda-feira, 24 de março de 2014

Critico Dilma mas não quero golpe nem o PSDB

Critico Dilma muitas vezes e isso pode trazer algumas confusões de interpretação. Critico a presidenta porque acredito que o foco do governo em desenvolvimento está privilegiando os índices econômicos em detrimento da qualidade de vida das pessoas.

Para termos índices de crescimento é preciso que a população consuma. Consumir é mais importante que aprender. Por isso temos o número de shoppings crescendo mais que o de escolas.

Eu critico Dilma mas não apoio Aécio nem Eduardo Campos. Além disso, quero que ela conclua seu mandato e vá embora, tudo legalmente.

Apoio o Mais Médicos.
O sistema de cotas.
O Bolsa Família.
A Comissão da Verdade.
O Programa de Aquisição de Alimentos
O Enem.

Mas isso não basta. Os dois últimos podem ser permanentes, mas o restante precisa ser temporário. Precisa existir um prazo para que medidas estruturantes de justiça social compensem as desigualdades. Aí existiria compromisso do mandato em superar as diferenças.

Direitos humanos
Dilma só montou a comissão da verdade porque foi torturada. Para outras questões humanitárias ela não demonstra sensibilidade.
Abuso das polícias.
Morte e perseguição a índios (maior que nos governos Collor e FHC).
Presidiários e jovens infratores que se danem.
Ribeirinhos, retireiros, pantaneiros, jangadeiros... Os brasileiros mais integrados com a natureza atrapalham o governo Dilma.

Saúde
Os planos de saúde cobram cada vez mais caros. "Mas isso não é culpa do governo, é uma questão de mercado". O mercado se aquece com a falta de opção na saúde pública. Tem gente que nem sequer tem casa decente, mas precisa pagar plano de saúde porque o SUS não garante nada. na verdade garante uma longa espera.

Educação
Basta ver a qualidade das escolas e a qualidade do conhecimento dos jovens recém saídos delas. "Mas o Ideb melhorou..." Melhorou quanto? Em que ritmo? No ritmo do empurrar com a barriga. Enquanto isso o governo dá bolsas para os jovens e crianças estudarem em instituições privadas. Sim, escolas particulares recebem dinheiro do governo para aceitar estudantes carentes. E os que ficaram na escola pública, como ficam?
Ficam como as universidades públicas, de pires na mão procurando parceiros que queiram investir em pesquisa que gerem lucro.

Cultura
Com Lula os Pontos de Cultura fizeram uma grande diferença. O que aconteceu com Dilma? Esses novos aparelhos da sociedade se tornaram espaços de fisiologismo. Mais campanha pró-governo, menos cultura.

Transporte público
Não existiu programa de transporte público, nem com as manifestações. Houve uma promessa de 50 bilhões, mas ficou nisso. O único programa de transporte foi: compre seu carro. Com isso o trânsito quase parou. Até em cidades de 50 mil habitantes os trânsito está ruim.

Energia
É um problema ligado ao meio ambiente. Não vamos ter energia segura enquanto o local de produção de energia estiver tão longe do consumo. Mas as linhas de transmissão fazem parte de um esquema importante na política: pagamos caro para transmitir energia para empresas que um dia beneficiarão os partidos do governo que as contrata.

Privatização
Esse é um campo onde o PT tem mais contradição. Criticou as do PSDB e para fazer as suas até muda o nome pra concessão.

Distribuição de renda
Apesar do Bolsa Família as diferenças sociais só aumentam. Existe uma classe C que consome mais e por isso é considerada em ascensão social. Mas os ricos só ficam mais ricos.

Meio ambiente
Dilma é uma estúpida em meio ambiente. Não dá pra aliviar nesse caso. Até o desastre de Fukushima ela ainda mantinha os planos de construir cinco usinas nucleares no Nordeste.

Ética
Não vou ser louco de dizer que Dilma é mais corrupta que seus antecessores. Mas seu governo está cheio de casos de corrupção. Negociar voto em troca de benefício para um deputado já é corrupção. Preferir certas empresas visando retorno financeiro na eleição também é corrupção. Nisso o PT é igual ao PSDB.
Certamente a soma de dinheiro desviado, embolsado pelo PSDB é maior que o do PT. Mas chega de preferir quem rouba menos. Quero quem não rouba.

Na eleição para presidente votei em Dilma no segundo turno para Serra não vencer. Me arrependo. Estaria mais tranquilo se tivesse anulado.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Por que ver o novo Cosmos?

Ontem a noite vi o novo Cosmos de Neil deGrasse Tyson e fiquei contente com o resultado. A série começa exatamente no mesmo lugar que a original. Recomendo a todos que vejam.

Ateus, vejam as maravilhas que o conhecimento humano descobriu.
Cristãos, vejam o quanto a criação de Deus é muito maior do que você sabe.
Crianças, viajem pelo espaço por planetas estranhos.
Historiadores, percorram o caminho que a compreensão do Universo percorreu até o presente momento.
Pais, encontrem as respostas das perguntas dos seus filhos.

Quando li por aí que estavam fazendo uma nova edição da série, me perguntei: pra que? A série apresentada por Sagan é linda, todo o conhecimento sobre o Universo alcançável por leigos estava lá. Na verdade houve poucas descobertas impactantes que merecessem uma reedição. A principal é a descoberta de planetas fora do Sistema Solar.

Mas o novo Cosmos é muito rico em imagens. Somente do telescópio Hubble são 24 anos de trabalho. Um telescópio no espaço, sem atmosfera, tirando fotos dos corpos celestes mais distantes. Essas imagens estão em Cosmos e as da Estação Espacial Internacional também. Nenhum desses equipamentos existia quando Segan produziu, escreveu e apresentou Cosmos, no início dos 80.

Comparando com o antigo, o Cosmos de Neil deGrasse Tyson é mais pobre em poesia. Além disso, Sagan dava momentos de silêncio e contemplação, parecem bem propositais, para que as pessoas assimilassem as informações passadas.

Se o texto é mais pobre que o original, a nova versão compensa em ilustração, principalmente usando desenho animado e computação gráfica. Há muito mais informação por episódio. Isso é válido para esses tempos de maior velocidade, ainda mais considerando que até nas TVs, atualmente, podemos dar pause e comentar com a família.

Até perto do final do primeiro episódio eu achava que o programa estava OK. Neil é mesmo simpático e carismático, mas ele me ganhou quando contou da sua relação com Carl. Acariciar os fãs de Carl Sagan com as lembranças de quem era o mestre pode ter sido apenas uma estratégia para conquistar os espectadores mais resistentes. Mas era necessário. Um cara que ocupa o lugar do mestre deve respeitar a memória do mestre. Ele não apenas demonstrou isso mas praticamente fez uma declaração de amor a Carl.

Espero que o programa tenha o impacto desejado pelo seu criador. Desenvolver a admiração dos humanos pelo planeta que habitam. Lembrar a todos de que somos capazes de maldades terríveis, mas o conhecimento é a prova de que igualmente somos capazes de produzir maravilhas.












terça-feira, 18 de março de 2014

E o nariz de Anitta?



Então quer dizer que a poderosa Anitta não tinha uma auto-estima tão alta como cantava? Ela apareceu na TV com o nariz bem reduzido, o que resultou em piadas no Twitter, a chamando de nariz de capivara.
Goste ou não, Anitta é uma mulher bonita. Tem apenas 20 anos, ou pelo menos tinha da última vez que eu soube, pandeirão, pele morena... Mas até isso mudou. A morenice foi coberta com tinta loira.

Anitta e Valesca Popuzuda são de uma fase nova do funk de que eu não gosto. Eu chamo de Funk Ostentação de Auto-estima. "Desejo a todas inimigas vida longa. Pra que elas vejam cada dia mais nossa vitória". Quem são as inimigas? Vitória em que?

Já as meninas do "show das poderosas, que descem e rebolam, afrontam as fogosas (só as que incomodam) expulsam as invejosas" e mostram que é muito feio ser periguete se não for da sua turma.

Há feministas que falam em empoderamento do sexo feminino nessas novas musas. Sim, existe. Mas também tem uma concorrência por atenção entre as mulheres. O que vale é brilhar mais, causar inveja. Sim, dizem que odeiam inveja (hoje em dia, pega bem falar "recalque") mas sentem orgulho quando a causam. Essa disputa entre mulheres também é nociva, porque considerar que todas as mulheres são inimigas? Quem ganha com isso? O machismo.

Se somar e subtrair, o machismo continua ocupando o mesmo espaço.

Voltando a Anitta, ela mudou seu nariz negro/índio/árabe para ficar mais fino. Mais europeu? Se considerarmos que ela ficou loira também, podemos dizer que sim. E aí eu pergunto: cadê aquela auto-confiança que afasta as inimigas apenas com a própria presença? Fake.

Nada demonstra mais insegurança que ficar afirmando o próprio poder. Isso reforça a ideia de que toda ostentação esconde um pinto pequeno ou alguma outra fraqueza.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Comunicação Social - um curso de Humanas sobre senso comum

Tenho ouvido comentários muito rasos de colegas jornalistas sobre problemas sociais. O de Rachel Sheherazade sobre o bando de linchadores é só mais um. Acredito que essa falta de cuidado em fazer afirmações categóricas, sem dominar o tema, é um erro comum nosso, dos profissionais da Comunicação Social.

Somos muito autoconfiantes no nosso conhecimento. Somos capazes de fazer análises políticas, previsões econômicas, apresentar soluções para conflitos no Oriente Médio... Tudo isso, tendo como fonte, somente outros jornalistas. Sério, somos capazes disso.

Podemos dizer que o cinema brasileiro só tem porcaria, mesmo tendo assistido a somente um filme nacional por ano. Tudo bem, gostar de filme é um critério pessoal, mas conhecer o cinema de uma região e as condições em que se faz esse ofício ajuda a conhecer melhor esse lugar.

O que acho mesmo sofrível é o domínio de teorias científicas nas humanidades. Os jornalistas medianos só conhecem os cientistas humanos a partir dos clichês: Marx é o comunista, Freud é o que diz que todo trauma vem do desejo pela mãe, Adam Smith é o pai do liberalismo, a Escola de Frankfurt considera que o capitalista sempre vai usar os meio de comunicação para se manter no poder...

Isso está errado? Não, mas essa simplificação não permite que ninguém saia da sua caixinha de pensamento para ver o mundo com outros olhos. Um curso de graduação em Ciências Humanas precisa fazer isso, superar os clichês em nossas mentes, apresentar leituras diferentes do mundo e dar ferramentas para analisarmos diferentes aspectos da nossa sociedade.

O curso de Comunicação Social consegue formar gente de Humanas sem nenhum conhecimento das Ciências Humanas. "Mas é preciso? Existe tanto conhecimento específico da comunicação, softwares, linguagens, equipamentos, se for preciso dominar as ciências humanas nunca terminaremos o curso".

É preciso entender, por exemplo, os conceitos antropológicos de Cultura e seus autores, para não falar em "cultura de valor" e "gente sem cultura". A informação, o vídeo, a fotografia são produtos culturais e se espera um mínimo de reflexão nesses elementos de alguém com ensino superior.

Se não existe esse conhecimento, qual a necessidade de haver curso nas universidades para exercer funções na Comunicação Social? Poderia ser um curso técnico em comunicação. Basta o exercício de alguns macetes de redação (acredite, o texto jornalístico é muito fácil de formatar) e o domínio de alguns equipamentos. Já que vamos falar somente o senso comum, para que gastar quatro anos fazendo de conta?

Errei a foto de propósito.

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Presidente do Uruguai, Pepe Mujica, foi assassinado por argentinos nesta manhã*



*Calma, essa situação é hipotética, mas conseguiu chamar sua atenção não é?

Continuando com o devaneio, imaginem se o querido presidente uruguaio fosse assassinado por cidadãos do país vizinho. Qual seria o sentimento do Uruguai em relação aos seus vizinhos? No mínimo ia haver hostilidade com os argentinos em visita à terra do Mujica. Mas certamente haveria argentinos que também seriam mortos.

Qual seria o papel do Mercosul nessa situação? Oferecer imediatamente apoio ao povo do Uruguai e pedir que mantivessem a calma para que as investigações apontassem os culpados e os prendessem onde quer que estivessem. Além disso, seria necessário isolar a culpa nos assassinos e mandantes do assassinato, para que os dois países não acirrassem a xenofobia.

Por que estou levantando essa hipótese? Porque foi uma parte disso que aconteceu no Brasil neste fim de 2013. Indivíduos da população de uma localidade mataram o líder de outra localidade. Depois disso, três homens da primeira sumiram. Como tentaram resolver isso? Hostilizando a população que teve seu líder assassinado.


O líder assassinado foi Ivan Tenharim, mas a imprensa mal fala o nome dele, só fala dos três desaparecidos. Parte da população do município de Humaitá reagiu violentamente, possivelmente incentivados por madeireiros, que possuem o poder econômico. Observem o trecho da matéria da Agência Brasil: O clima na cidade é tenso desde o último dia 16, quando três homens desapareceram, após serem vistos trafegando de carro pela Rodovia Transamazônica. A tensão, segundo o jornal só aconteceu com a violência sofrida por não índios. Com isso está implícito que o assassinato da liderança indígena é um evento normal e aceitável.

Tão absurdo quanto a violência contra os Tenharin é a cobertura da imprensa que entende que o conflito só começou com a possível violência dos indígenas. É como se no hipotético assassinato de Pepe Mujica, a imprensa desse mais importância a reação dos uruguaios e argentinos. E cadê o "Mercosul"?