segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O dia mais triste em Mato Grosso


Foto de Gustavo Nascimento


Trabalho numa organização que monitora o desmatamento e propõe alternativas a esse mal. Estou sempre trabalhando com dados para colaborar com o objetivo, mas hoje, com o céu mais cinza que já vi na vida, o que sinto é mais forte que os números.

O cinza é de fumaça, esconde o sol e deixa o ar, que já é seco nessa época, mais pesado e desagradável. As queimadas são uma vergonha, são reflexo do desrespeito à natureza e à coletividade. São mostras de subdesenvolvimento e ignorância.

Hoje o sol mal tocou o chão. Laranja, fraco, aquece o ar mas não queima a pele. Dia triste.

O Brasil, em plena discussão sobre aquecimento global, aumenta as emissões de gases do efeito estufa. Os deputados governistas apoiam as mudanças no Código Florestal em defesa das oligarquias rurais. O chefe da insanidade é do Partido Comunista e defende o direito dos latifundiários de destruir mais do que já destroem.

Incentivados pela federação de agricultura do estado os proprietários rurais se viram à vontade para continuar derrubando o pouco que ainda restava nas suas terras. Afinal de contas o novo código permite. Nem está aprovado e já agem como se estivessem dentro da lei.

O desmatamento com fogo é o mais covarde, mata animais rápidos e lentos, árvores adultas e jovens. Destrói casas, cercas, mata o gado. É um inferno. O inferno do egoísmo, do foda-se.

A lua cheia de hoje é a lua mais triste que já vi na vida.

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